Muitas vezes podemos nos questionar se os regramentos nas empresas não se apresentam muito conservadores e podem atrapalhar a criatividade, ou impossibilitar o crescimento.
A resposta para este questionamento é o equilíbrio. A governança dentro das empresas é importante e não visa macular a agilidade e a eficiência na tomada de decisões ou ainda impedir um ganho na produtividade. Por isto, nós te convidamos a refletir sobre o tema e buscar entender a importância de considerar não apenas a criação, mas também o cumprimento efetivo de boas práticas de governança, independentemente do tamanho da sua empresa.
A governança e as boas práticas nas empresas são fundamentais para evitar prejuízos e mensurar os riscos envolvidos a curto e longo prazo. A governança corporativa é um processo que determina a forma como a empresa é administrada, levando em conta os interesses e as expectativas de todos os seus stakeholders, ou seja, acionistas, gestores, colaboradores, clientes, fornecedores, credores, sociedade e governo. E as boas práticas se baseiam essencialmente na transparência, na equidade, na prestação de contas e na responsabilidade corporativa.
Deter e cumprir uma política de governança e boas práticas visa preservar e otimizar o valor econômico a longo prazo de uma empresa, aumentando de maneira sustentável a sua competitividade. Esta prática ordenada, sem dúvida, facilitará o acesso a recursos financeiros, ampliando as oportunidades de investimento e reduzindo o custo de capital.
A gestão da empresa terá melhorias e consequentemente poderá promover uma cultura de excelência, visando a inovação e a aprendizagem contínuas. Estes pontos fortalecerão a imagem e a reputação da empresa perante o mercado. Confiança e credibilidade são as premissas a serem consideradas.
É possível ainda – através da governança – mensurar riscos, prevenir e solucionar conflitos entre os stakeholders, como também evitar sanções, multas e processos judiciais, na medida em que a empresa efetivamente cumprirá as normas legais e éticas que regerão a sua atividade.
Todos estes aspectos, a longo prazo, contribuirão – sem qualquer sombra de dúvidas – para o desenvolvimento social e ambiental, cuja maior vertente é o bem comum.
Contudo, para que as empresas efetivamente evitem prejuízos e possam mensurar os riscos envolvidos em sua atividade, a curto e longo prazo, a estrutura de governança corporativa a ser adotada deve se mostrar adequada à sua realidade e aos seus objetivos.
Essa estrutura pode contemplar um Conselho de Administração, que será responsável por definir os valores e as estratégias da empresa, bem como fiscalizar a gestão executiva; uma Diretoria Executiva, que será responsável por implementar as decisões do conselho, como também gerenciar as operações da empresa; uma Auditoria Independente, que será responsável por analisar a conformidade das demonstrações financeiras da empresa com as normas regulatórias e princípios contábeis; um Conselho Fiscal, que será responsável por acompanhar a gestão financeira da empresa e opinar sobre as demonstrações contábeis; Comitês, que se apresentarão como órgãos auxiliares do Conselho e que tratarão de temas específicos, como auditoria, remuneração, riscos, sustentabilidade, dentre outros; uma Ouvidoria, que será o canal de comunicação entre os stakeholders e a empresa, e deverá não apenas receber reclamações, sugestões, elogios e denúncias, mas também encaminhar a solução dos conflitos e dessabores que lhe são impostos e, por fim, um Código de conduta que será o documento que contemplará os princípios éticos e as regras de comportamento que deverão ser seguidos por todos os integrantes da empresa.
A implementação da governança nas empresas demanda planejamento, efetivo diagnóstico situacional, envolvimento dos stakeholders, capacitação dos gestores e uma avaliação constante dos resultados. Implementar é o primeiro passo. Contudo, cumprir efetivamente o Código de Conduta, é essencial.
Atualmente, temos vários exemplos da importância destas boas práticas. Inúmeras empresas motivadas não apenas pelos dissabores emanados da pandemia, mas também por uma governança apenas na teoria, se viram assoladas por crises financeiras e reféns de uma corrida pela recuperação, buscando inclusive remediar os reflexos reputacionais ruins.
Planejar a governança, criar uma cultura que motive os colaboradores a cumprir as boas práticas e coibir as condutas que se mostrem ilegais ou violem os valores da empresa permitirão um crescimento sustentável. A governança é contínua e demanda capacitação. Não basta criar a estrutura, é preciso mantê-la.